Revisão de Cenário: Selic Meta

Alteramos o nosso call para taxa de juros no final de 2019 de 5,00% a.a. para 4,75% a.a.

O motivo principal para esta mudança marginal é a percepção de que o Banco Central interpreta os choques externos como desinflacionários.

A desaceleração global, já iniciada no setor industrial dos países desenvolvidos e de alguns emergentes, pode se aprofundar com a intensificação da guerra comercial. As reações a esse quadro mais complexo foram tempestivas entre os Bancos Centrais do mundo todo, tanto entre países desenvolvidos quanto entre emergentes. De uma amostra de 34 países que acompanhamos quase a metade cortou os juros em suas últimas reuniões. E a perspectiva é que esse percentual aumente. Alguns países ainda não começaram efetivamente a reduzir os juros, mas a retórica oficial já indica que estão na iminência.

Taxa de Juros por Países (% a.a.)

O Brasil não fica fora desse ambiente de inflação muito baixa e queda da atividade. Nossa taxa de juros também renovará as mínimas históricas nos próximos meses.

Sobre um eventual impacto que uma crise lá fora possa ter na taxa de câmbio, nós acreditamos que o Banco Central usará os instrumentos devidos, que é a fortaleza de US$ 330 bilhões de reservas líquidas de swap e um relativamente sólido balanço de pagamentos. Não estamos mais nos anos 90, e não precisamos usar a política monetária para controlar fluxo de capitais e evitar uma escalada inflacionária derivada de depreciação cambial.

Por isso, a partir do discurso feito pelas autoridades do Banco Central sobre o cenário global, revisamos nossos modelos com alguns cenários de stress para ver se havia espaço nas projeções de inflação para cortar a taxa de juros para um nível inferior aos 5,00% a.a. que estimávamos anteriormente.

O cenário central, com uma taxa Selic de 4,75% a.a., apontou uma taxa de câmbio mais depreciada do que estimávamos anteriormente, chegando a R$/US$ 3,80 no final de 2019 e 2020, mas um PIB moderado de 2,0% em 2020, com risco de ser mais próximo a 1,5%. O resultado disso é uma inflação muito controlada de 3,9% no ano que vem, contra uma meta de 4,0%. Como sempre, utilizamos vários modelos para ponderar nossos calls. Este é o central, o de maior probabilidade na nossa visão.

Por isso, decidimos revisar nosso cenário para a Selic meta de 5,00% a.a. para 4,75% a.a. no final de 2019, com mais dois cortes de 0,50 p.p. (nas reuniões de setembro e outubro) e um corte final de 0,25 p.p. em dezembro. Para 2020, não há previsão de alteração na taxa de juros.

Cenário – Meta para a Taxa Selic (% a.a.)